26 dezembro 2005

Estados de Espírito

Quando meu peito chora
A marcha do relógio se demora
Quanto dura uma lágrima?
Uma hora ou um minuto?
Um segundo é a resposta
E sigo derramando lágrimas
A cada tic tac que escuto
Mas minha dor é tão doída
E meu sentimento tão profundo
Que vivo a tristeza de uma vida
Na brevidade de um segundo

Quando meu coração está contente
Os ponteiros giram rapidamente
Quanto dura um sorriso?
Um minuto ou uma hora?
Uma vida é a resposta
E sigo distribuindo sorrisos
Cantando por aí afora
Porque minha alegria é tão radiante
E minha felicidade tão colorida
Que um sorriso de um só instante
Ilumina todo o resto de minha vida

22 dezembro 2005

Fuga

Gosto de morar perto do mar.
É bom saber que a cidade termina em algum lugar, e não se estende para todos os lados, a perder de vista (não só os espaços confinados, mas também a infinitude pode oprimir - se não corpos, pelo menos corações e almas).
Ver o mar dá a sensação reconfortante de que, se acontecer alguma coisa (que coisa?), eu tenho como fugir.
A nado, certamente.

20 dezembro 2005

A Felicidade por um Fio


De tanto querer, esqueço de ser
(Feliz)
Meus sonhos, eu empilho um por um
(Triz)
Da corda bamba, a equilibrista
(Desequilibrada)
Cai, vira anjo, abre as asas
(Quebradas)

Ilustração: Cristian Jungwirth

12 dezembro 2005

Quem Entende?

Sentir o que se pressente às vezes é pior do que sentir realmente.

E então vêm meus amores, e eles tem asas transparentes, sorrisos de açúcar e encantamentos que fecham meus olhos enquanto sussurram palavras para soprar para longe os fantasmas que roubam a minha paz. Eles dizem: "o mundo e o futuro são seus, não tema nada"; falam de coisas lindas que eu não enxergo, como juventude, beleza e sorte, e me inebriam com suas promessas de felicidade ao alcance de minhas mãos. Mas - ah, meu Deus! - ainda assim eu sinto medo do medo que sinto, e pressinto a tragédia espreitando atrás de todas as portas, e tenho dores além do visível e um cansaço que nem cem anos de sono sem sonhos poderiam curar.