21 janeiro 2007

Descompasso

Meu tempo não é desse mundo
Não se mede em segundos
Se ressente da pressa em passar

Meu tempo não cabe nas horas
Se alonga em demoras
Que o mundo não pode esperar

E quantos de meus passos foram prematuros
Porque o tempo, em sua ânsia de ser futuro,
Não me deu a calma para pensar

E quantos de meus desejos ficaram no passado
No limbo dos sonhos irrealizados
Perdidos em dias que não posso resgatar

03 janeiro 2007

Incrível

Enquanto espero que algo de incrível aconteça
Vou matando o tempo e vivendo a vida
Sempre me olhando de costas, nos espelhos
Para ver se a pele de minhas costas já apresenta sinal das asas que eu encomendei
E evitando me olhar de frente, no fundo dos meus olhos
Para não me perder em lugares que eu desconheço, como já aconteceu tantas vezes
Agora quero me perder fora de mim
Dentro de mim, eu já sei que tem um labirinto onde me perco, sempre
Sinais falsos que me confundem, becos sem saída, abismos, portas que nunca se abrem
Eu quero asas, quero o espaço aberto, quero o céu
A cabeça vazia e o corpo em movimento
Só sentir, e não pensar, não planejar, não entender, não prever, não tentar adivinhar
Tudo isso é tão inútil, e é nesses verbos que me perco
Na tentativa de controlar tudo, eu acabo me prendendo
Me emaranhando em minhas asas, tropeçando em meus pés, me enchendo de medos
Eu preciso fazer alguma coisa por mim
Eu preciso ser só minha