08 fevereiro 2009

Sonhos de Consumo

- Um liquidificador com copo de vidro: para que a sopa não fique com cheiro de suco de maracujá, e vice-versa
- Um animal de estimação auto-limpante e que faça fotossíntese
- Uma coletânea com todas as tirinhas dos Peanuts
- Um apartamento onde caibam: um fogão de verdade, uma máquina de lavar, todos os meus livros, mais do que 4 pessoas ao mesmo tempo
- Estoque infinito de canetinhas coloridas Stabilo
- iPod colorido
- Uma bicicleta
- Uma máquina de teletransporte (o que os cientistas andam fazendo que ainda não inventaram isso?)
- Um par de pulmões extra: para poder fumar sem culpa
- Coração à prova de saudades: por motivos óbvios

02 fevereiro 2009

Segunda-Feira

Antes mesmo de despertar, percebeu que não havia mais amor.
A revelação saiu das mesmas cavernas de onde vem os sonhos que se perdem da lembrança. Naquele primeiro minuto – olhos ainda fechados, pernas e braços feitos algodão pelo sono - todas as peças se juntaram em sua cabeça com a clareza das verdades absolutas.
O amor acabou.
Claro como a luz do sol entrando pela janela.
O amor acabou.
Claro como a segunda-feira que se anunciava no som do trânsito que vinha da rua.
Teve medo de abrir os olhos e tornar ainda mais real o que seu coração já sabia ser evidente. Pediu com toda a força que o calendário voltasse para o tempo em que o amor cobria todo o cotidiano com um véu de doçura e cada momento guardava em si a expectativa de uma felicidade nunca antes experimentada. Mas tudo aquilo que na noite anterior fora tão certo e tão seu agora parecia pertencer a outra vida, outra era, outra pessoa diferente daquela que acordava.
O amor acabou.
A semana e todo o resto de seus anos apenas começavam, e o amor havia morrido. Um raio de sol se derramou por seu rosto, o despertador tocou com urgência e o último vestígio de sono abandonou seu corpo. Levantou-se da cama sem saber se reaprenderia a caminhar sem o amor para dar rumo a seus passos e se voltaria a ser feliz agora que havia perdido a chave dos seus sorrisos.
O amor havia acabado.
A vida, implacável, exigia continuar.