07 fevereiro 2006

Revelar

Peguei meu sentimento e dobrei uma, duas, três vezes. Torci e retorci para que ele coubesse dentro de um beijo feito só de desejo e nenhuma intenção além das segundas. Vesti meu olhar mais indiferente e meu sorriso mais inconseqüente e me joguei em seus braços, banal e rápida, para que você só sentisse meu corpo, sem saber que carregava junto a minha alma. Se por meu rosto passava uma nuvem qualquer do que eu realmente sentia, eu me apressava em esconder as evidências te entontecendo com esses encantamentos bobos que toda mulher conhece. Eu te enganava com meus truques e me enganava achando que de minha fingida displicência nasceria o seu amor. Meus gestos chegavam ocos até você, e o que eu arrancava deles ficava engasgado em minha garganta em um nó de choro.
E agora, meu anjo, você vem me dizer que começou a perceber que me amava no dia em que minha casca se partiu e eu me mostrei de um jeito que eu achava ser tão patético, tão infantil, tão contrário a esse instinto de sobrevivência que a gente adquire depois de ter dado alguns tropeços aí pela vida. Desfeita em lágrimas, se desfizeram as defesas. Despojada de todos os artifícios, mais exposta do que nas tantas vezes em que estivera nua em sua frente. Sem maquiagem no rosto e nos gestos: é assim que eu sou de verdade, e foi assim que você me quis.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

êita que essa é a coisa mais visual que eu já li... Só podia ser da minha Pili! Um beijo!

8/2/06 00:00  
Anonymous Anônimo disse...

hum... senti uma história real? ham ham?

:*

15/2/06 23:01  
Anonymous Anônimo disse...

muito bom ler seus poemas, a bá...
sempre lindos. sempre cheios de sentimentos e histórias que acho já ter ouvido em "prosas" nossas.
parabéns!

tomara que este comentário permaneça por aqui... hehehe

26/3/06 21:02  

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