12 janeiro 2006

Café com Leite

Nesses jogos de amor, sou um fracasso. Sempre mostro minhas cartas antes da hora e sou a primeira a dizer "eu te amo", após um período curtíssimo de dúvidas (ai meu Deus, digo ou não digo?), substituídas pela certeza de que se eu não colocar para fora tanto sentimento - seja em palavras, ou em gestos - vou sufocar, ter um treco, ou sei lá o quê. Tudo o que sinto fica borbulhando muito próximo à superfície de meus olhos, escorregando na pontinha da minha língua, e ao primeiro descuido, pronto: já vou me desmanchando em juras de amor eterno e suspiros apaixonados. E lá se vai a minha determinação em ser uma odalisca de ar misterioso, escondendo segredos debaixo de sete véus de cinismo e sorrisos indecifráveis. Eu desisto. Sou espontânea demais para esse papel, essa definitivamente não sou eu. Não sei blefar, fingir ou dissimular, e qualquer tentativa nesse sentido resulta em um desempenho tão vergonhoso quanto, digamos, um rinoceronte tentando se passar por bailarina. Não levo mesmo jeito para a coisa. Por isso, jogar comigo é até covardia: eu sou café com leite.

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

você nunca devia jogar pôquer x]

:*

(fica subentendido que eu gostei, só por ter comentado)

25/1/06 16:22  

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